O motivo real que está fazendo o elétrico superar os combustíveis
A dúvida sobre migrar para a eletricidade deixou de ser apenas ambiental e tocou no ponto mais sensível de todos: o bolso. Com a estabilização dos preços e o aumento da rede de recarga em 2025, a decisão agora depende menos de coragem e mais de uma análise fria sobre o perfil de uso diário de cada motorista.
O custo por quilômetro compensa?
Matematicamente, a vantagem do carro elétrico é inegável para quem roda muito. Enquanto um veículo a combustão gasta, em média, R$ 0,50 a R$ 0,60 por quilômetro rodado com gasolina, um modelo elétrico reduz esse custo para cerca de R$ 0,10 a R$ 0,15, dependendo da tarifa de energia da sua região.
Além disso, a manutenção periódica é drasticamente mais barata. Como o motor elétrico possui uma fração das peças móveis de um motor térmico, não há troca de óleo, velas, correias ou filtros de combustível. Consequentemente, a economia anual apenas em revisões e abastecimento pode ultrapassar os R$ 10.000 para motoristas de aplicativo ou representantes comerciais.
A revenda é um problema?
O medo da desvalorização excessiva, que assombrou os primeiros compradores, começou a se dissipar. Marcas como a Volvo e a BYD implementaram programas de garantia de recompra, o que trouxe segurança jurídica e financeira para o mercado de usados.
Todavia, é crucial analisar a saúde da bateria. Em 2025, a tecnologia de baterias LFP (Fosfato de Ferro-Lítio) se tornou padrão em modelos de entrada, oferecendo uma vida útil que frequentemente supera a do próprio chassi do veículo. Portanto, a depreciação de um elétrico moderno já se aproxima dos índices de carros de luxo a combustão tradicionais.
Como está a infraestrutura de recarga?
A dependência de carregadores públicos ainda é o calcanhar de Aquiles para quem não tem garagem própria. Embora rodovias principais no Sudeste e Sul do Brasil estejam bem servidas, viagens para o interior de estados como Mato Grosso ou Bahia ainda exigem um planejamento logístico rigoroso.
Por outro lado, para o uso urbano, a infraestrutura doméstica é suficiente. Visto que 90% das recargas ocorrem em casa ou no trabalho, a instalação de um Wallbox residencial resolve a autonomia diária. Assim, o carro elétrico funciona como um celular: você o conecta ao chegar em casa e ele amanhece pronto para o uso.
Para ponderar os fatores decisivos, analise a tabela de prós e contras abaixo:
| Fator | Vantagem do Elétrico | Desafio Atual |
| Combustível | Custo por km até 5x menor | Variação da tarifa de energia |
| Manutenção | Peças sofrem menos desgaste | Pneus e suspensão desgastam mais |
| Impostos | Isenção de IPVA em alguns estados | Retorno gradual do imposto de importação |
| Uso | Silêncio e torque instantâneo | Tempo de recarga em viagens longas |
Quais os incentivos fiscais vigentes?
O cenário tributário de 2025 ainda favorece a eletrificação, mas com ressalvas. Estados como o Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Pernambuco mantêm políticas agressivas de isenção ou redução de IPVA para veículos eletrificados. Isso representa, na prática, uma economia fixa de milhares de reais todos os anos.
Entretanto, o imposto de importação federal voltou a subir gradualmente para proteger a indústria nacional. Dessa forma, os preços dos modelos importados da China sofreram reajustes, o que torna o momento da compra sensível a promoções de estoque antigo ou subsídios das montadoras.
Leia também: Os carros elétricos mais baratos de 2025
Quem não deve comprar um elétrico?
Apesar dos avanços, o carro elétrico não serve para todos. Se você é um “estradeiro” que cruza o país constantemente e tem prazos apertados, o tempo de recarga ainda é um obstáculo intransponível. Nesse caso, esperar 40 minutos em um eletroposto rápido pode inviabilizar sua rotina profissional.
Além disso, moradores de prédios antigos sem infraestrutura para instalação de carregadores enfrentam dificuldades reais. Sem a comodidade da recarga noturna, a experiência de possuir um elétrico pode se tornar frustrante, obrigando o motorista a depender exclusivamente da rede pública, que nem sempre está disponível ou funcionando.
